Podcast Café Brasil Premium 757 - O dono da firma

Data de publicação: 15/02/2021, 15:04

https://www.youtube.com/watch?v=M7--U4NTRMc

Mais um programa que fala do empreendedor brasileiro. Mas que poderia ser Mexicano, Colombiano, Uruguaio, Espanhol ou Norte Americano. O problema é que aqui no Brasil, tudo parece mais difícil. Especialmente quando a gente decide ser o dono da firma. Além de se ferrar de verde e amarelo, ainda é ofendido e perseguido. Que dureza... como é duro trabalhar....

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Posso entrar?

https://www.youtube.com/watch?v=XJEkzkiiEDE

Chico Alencar, o deputado federal do PSOL do Rio de Janeiro, publicou um tuíte que deu o que falar em março de 2017, dizendo que “vende-se a ideia de que empresários criam empregos. As exigências sociais criam empregos”.

Entendeu? “Exigência social” + PSOL + apetite por mais estado. Esses dinossauros continuam atrapalhando a livre iniciativa, apostando que meia dúzia de políticos sentados em Brasília têm repostas melhores que 30 milhões de empreendedores batalhando diariamente.

O que esses dinossauros não entenderam, é que “exigência social” é apenas outro nome para “mercado”

Cai o disjuntor.

Putz, caiu o disjuntor aí? Então acompanhe comigo, vou refazer o tuíte lá do dinossauro: “vende-se a ideia de que empresários criam empregos. O mercado cria empregos”. Fez mais sentido? Não? Então ouça:

Uma carência cria uma demanda, alguém percebe a oportunidade, arrisca seu tempo e dinheiro para suprir a demanda, consegue sucesso, seu negócio cresce e esse alguém melhora de vida, emprega um monte de gente, recolhe impostos... E então é demonizado pelos que não enxergaram a demanda. Fez sentido agora?

Vamos então a um texto de Rodrigo Silva, que é editor do Spotniks. Vale muito a reflexão que ele provoca.

6h30. Segunda-feira. O relógio desperta. Você com aquela cara de sono. O barulho irritante do celular chacolhando os tímpanos. A cama quentinha pedindo hora extra. E a única coisa que passa na sua cabeça é: maldito capitalismo.

Explorado. É assim que você se sente. Um trabalhador brasileiro dedicado subcapitalizado. Funcionário semi-escravo de um sistema econômico abusivo.

Não adianta disfarçar: ninguém é liberal às seis e meia da manhã.

Mas e se fosse possível trocar de papel e mudar de perspectiva? E se estivesse à disposição a possibilidade de abandonar a carteira assinada e finalmente assumir o posto de patrão? Você faz alguma ideia do que aconteceria caso decidisse montar o seu próprio negócio no Brasil?

Eu conto.

Seus problemas começarão logo em seu primeiro dia. Segundo o Banco Mundial, se nós considerarmos o tempo e a burocracia necessária para montar um negócio, o Brasil ocupa a posição de número 175 num ranking de 190 países. Nós lutamos contra o rebaixamento nesse campeonato. Na prática, seria mais fácil abrir uma empresa na Suazilândia, no Iraque e em Uganda do que por aqui. No mundo, em geral, essa média é de 21 dias. No Brasil é quase quatro vezes maior.

Conseguiu abrir seu negócio e agora precisa de um alvará de construção? Você definitivamente não escolheu o melhor lugar do mundo pra isso. Dos 190 países, nós somos apenas o 172º nesse quesito. Seria mais fácil obter o seu alvará na Faixa de Gaza - a 157ª da lista - do que aqui. Tome nota: pela frente, você precisará de 400 dias para obter sucesso nessa empreitada. A média no mundo é quase três vezes menor.

Sobreviveu ao calvário? Chegou a hora de entrar em operação e abrir o bolso de verdade. Segundo o Banco Mundial, nós estamos entre os dez piores lugares do mundo no quesito pagamento de impostos. Você gastará, em média, 2.038 horas por ano apenas para preparar, arquivar e pagar seus impostos - surreais doze vezes mais do que gastaria caso montasse seu negócio em qualquer país desenvolvido do planeta.

Achou que a luta seria travada apenas no relógio? Ledo engano. Sua alíquota de imposto total, segundo o Banco Mundial, será de inacreditáveis 68% do seu lucro.

Parece muito? Não termina por aí. Há ainda os processos. Muitos deles. Consequência natural de uma legislação que trata todo patrão como culpado até que se prove o contrário.

Na França, há em média 70 mil ações trabalhistas por ano. Nos Estados Unidos esse número é de 75 mil.

Faz ideia de quantas ações trabalhistas acontecem por ano no Brasil?

QUATRO MILHÕES.

Há seis vezes mais novas ações trabalhistas por dia útil no Brasil do que num ano inteiro no Japão. Na prática, se você decidir virar patrão no Brasil, possui de trinta a quarenta vezes mais chances de receber uma ação trabalhista do que se montasse o seu negócio em qualquer outro país com uma economia do tamanho da nossa.

Desanimador? Nem tudo são espinhos. Por fim, resta aquilo que realmente importa nessa história toda - a sua grana final nisso tudo.

Qual margem de lucro você espera receber no seu negócio? Trinta? Quarenta por cento?

Não trago boas notícias. A média por aqui é de pífios 2% do faturamento.

Sim, míseros dois por cento.

Jurou que iria ganhar um caminhão de dinheiro nessa? Apostou errado. Dos dez maiores rendimentos médios do país, seis pertencem ao funcionalismo público e um é uma concessão pública. Essa é a verdadeira elite intocável. Da lista, apenas três estão na iniciativa privada (médico, em quinto; piloto de aeronave, em nono; e desportista, em décimo, inflacionado pelas fortunas dos jogadores de futebol).

No topo do ranking? A profissão de titular de cartório. Onde começa e onde termina toda a burocracia do país. Na média, o rendimento anual dessa categoria fica em R$ 1,1 milhão.

Você? Não terá direitos. Não terá sindicatos lutando por seu nome. Não terá supersalários. Não terá estabilidade. Não terá descanso.

Dureza? Não se engane. Ao final de tudo isso, ainda será chamado de explorador por gente que jamais montou um mísero negócio na vida, encarando diariamente uma carga horária de trabalho superior a de seus funcionários. Com sorte, conseguirá sobreviver. Na média, segundo o IBGE, mais da metade das empresas brasileiras fecham as portas nos primeiros quatro anos de atividade.

Com determinação, você lutará contra tudo e contra todos. Todos os dias. O relógio continuará tocando da mesma forma às seis e meia da manhã. O futuro permanecerá dominado pela incerteza.

Ao final do dia, não será difícil notar. Você está tentando sobreviver ante o mais ardiloso dos combatentes. Não importa em que direção encare, a verdadeira máquina destruidora de prosperidade está posta em sua frente.

Eis o sistema abusivo com nome e sobrenome. E ele se chama Estado Brasileiro.

[tec] COMENTÁRIO DO OUVINTE [/tec]

Grande Sandro, que faz parte do time dos empree-dores... A história dele é igual a de todos nós: não queremos ajuda, queremos que as coisas sejam claras neste manicômio trabalhista e tributário brasileiro. Mas é isso mesmo. O dono da firma que empreende pra valer é perseverante e faz acontecer.  Vida longa ao empreendedor!

https://www.youtube.com/watch?v=XJEkzkiiEDE

Esse é o Seu Jorge, com Trabalhador... Trabalhador

Trabalhador brasileiro

Garçom, garçonete, jurista, pedreiro

Dentista, frentista, polícia, bombeiro

Trabalhador brasileiro

Trabalha igual burro e não ganha dinheiro

 

Bem, o texto do Rodrigo foi escrito antes da meia reforma trabalhista que aconteceu em 2017.  Naquele ano o Citibank deixou o Brasil depois de descobrir que sua operação brasileira gerava 1% do lucro e 93% de todos os  processos trabalhistas a nível mundial.

A montadora norte-americana Ford, que anunciou recentemente o encerramento da produção de veículos no Brasil, foi alvo de 4.930 processos trabalhistas entre 2014 e 2021. O valor total das causas é de 897 milhões de reais.

Não é fácil...

https://www.youtube.com/watch?v=z4ObzYDPPl0

Ah, Zimbo Trio com a espetacular Canção do Sal, de Milton Nascimento... um hino ao trabalho que todos deveriam saber cantar.

Pois sé... Mas a reforma trabalhista começou a funcionar. O número de ações protocoladas na Justiça do Trabalho em 2020 foi o menor desde 2014, início da série histórica. Em 2020, foram apresentados 846.433 processos do gênero, entre janeiro e julho. No mesmo período, em 2019, foram 1.066.156 peças – o que significa queda de 21% nas causas relacionadas ao trabalho. É claro que existe o fator pandemia ajudando na redução, mas os advogados ainda estão se adaptando e as coisa vão se acomodando. Provavelmente a reforma reduzirá ainda mais a quantidade de ações. Ainda há quem diga que isso é ruim, que essa reforma é abusiva, e blablabla. Bem,, sempre haverá quem pensa diferente.

 

Sempre estranhei essa mania de tratar empresários como gente ruim, exploradores egoístas... Acho que todo mundo tem uma história com um patrão ruim, não é? Mas sempre entendi que essas histórias são exceções. A maioria absoluta das experiências são com patrões que não são ruins ou exploradores, mas tocam seu negócio pressionados para que dê certo e precisam tomar decisões que desagradam os funcionários. Afinal, uma empresa não é uma entidade beneficente, não é?

Eu tive na família parentes donos de firmas. Eu mesmo me tornei dono de firma. Convivo diariamente com os desafios de manter o negócio em funcionamento, não tenho nenhuma facilidade, não sou amigo de políticos, pago imposto pra caramba, meus funcionários são regularizados, tenho tudo dentro dos conformes e vivo a realidade que o Rodrigo descreveu em seu texto. E sou um cara legal, não exploro ninguém, pelo contrário. E aí tenho de ouvir um idiota me chamando de elite, privilegiado ou explorador...

Bem, neste ponto é impossível não relacionar este programa com o 595 – A Empatia do Bem, que trata da nossa capacidade de ficarmos felizes com o sucesso dos outros.

Mas na verdade, o que mais vemos por aí é gente que se incomoda muito com o sucesso alheio, produzindo em si mesmo um sofrimento tão grande que precisa ser aliviado. E alguns só conseguem esse alívio pensando e agindo para diminuir o sucesso do outro. Sacou? Já que não consigo subir ao nível dele, vou rebaixá-lo ao meu... E a sensação de injustiça dos fracassados diante dos bem sucedidos é tão grande que eles se sentem vítimas. Eu não tenho porque você tem demais, sacou? Você só é rico porque tirou a riqueza de alguém.

Que sono.

https://www.youtube.com/watch?v=c-6kvvHVfWg

Em 2015, nove anos depois da criação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o Brasil já estava isolado na liderança em empreendedorismo, com o aumento de 23% para 34,5% de empreendedores em dez anos, segundo pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

O pequeno negócio brasileiro, aquele dos empreendedores e empresários,  é responsável por mais de 52% da geração de empregos formais e 40% da massa salarial no País. O número de brasileiros entre 18 e 64 anos que possuem empresa ou que estão abrindo uma é muito superior, por exemplo, ao da nação campeã da livre iniciativa, os Estados Unidos, que têm 20% de empreendedores. Outros países registram índices ainda menores, como Reino Unido (17%), Japão (10,5%), Itália (8,6%) e França (8,1%).

Sacou? Mais da metade dos empregos no Brasil são gerados por pequenos e médios empresários.  No entanto, há uma onda esquizofrênica de má vontade contra esses empresários. Queremos empregos, mas odiamos os empresários que criam empregos. Na escola, na igreja, na mídia, os empresários que sustentam as escolas, a igreja e a mídia são tratados como seres do mal. Dê uma olhada numa novela. Qualquer novela. Veja quem são os bandidos, os desonestos, os aproveitadores, os infiéis... são os empresários! Em sala de aula, professores demonizam os empresários para uma plateia de filhos de empresários, estimulando-os a não se entregarem ao sistema, a se rebelarem, a buscarem sua independência desse capitalismo nojento. Aí o garoto chega em casa, vê o pai ou a mãe se matando de trabalhar, dando emprego, pagando impostos, e fica confuso. Alguns partem para a militância, desde que papai e mamãe continuem pagando moradia, roupa lavada e o celular... Outros acreditam no professor, decidem cuidar da vida por conta própria, viram empreendedores e um dia serão os empresários que o professor odeia.

É muito louco isso.

https://www.youtube.com/watch?v=P0Wn3qeX1pQ

Não é sensacional? Esse é o Grupo vocal Vésper. O instrumento de trabalho deles é só a voz, e chega a emocionar.

 

Muito bem. Percebeu então que a questão não é apenas pragmática, de incompetência do Estado em cuidar bem dos empresários? Ela é sobretudo cultural. Vem de um pensamento que considera o lucro pecado, que vê quem ganha com o trabalho dos outros sempre como um aproveitador/explorador. Cara, isso é velho. Mas é muito velho. Vem lá das cruzadas, de um tempo em que o lucro era considerado imoral. Bote Rousseau, Karl Marx e Marilena Chauí na jogada e você tem o embasamento teórico para os que demonizam o empresariado. Aliás, dá embasamento teórico até para os nazistas liquidarem com os judeus...

 

Bem, a recomendação que eu faço a você então é: pratique a empatia positiva. Coloque-se no lugar do empresário, do dono da firma. Imagine você sofrendo as pressões diárias para pagar as contas, correndo o risco de quebrar, sendo achacado pelos bancos e tendo a responsabilidade por conduzir um negócio do qual muitas famílias dependem.

Pratique a empatia positiva. Sempre que você se encontrar com um empreendedor, pode ser a cabeleireira de seu bairro, o seu João da padaria, o dono da banca de jornais, o dentista, o mecânico, o dono do escritório de advocacia, o dono da empresa de engenharia, pense assim:

Essa pessoa correu todos os riscos de montar seu próprio negócio. Se ela quebrar, a responsabilidade cai todinha nas costas dela, só ela arcará com os prejuízos.

Essa pessoa paga impostos; gera empregos; tem em volta de si uma rede de fornecedores; faz girar e economia e, mais importante, não obriga ninguém a comprar dela. Se pisar na bola, perde os clientes e quebra.

Esse indivíduo, o empreendedor brasileiro que se vira por conta própria, sem ser amigo do rei, é um herói.

Agradeça a ele. Torça para que ele fique rico, para que compre um avião, um barco! Quanto mais ele prosperar, mas riqueza criará em torno de si, mais empregos, mais oportunidades.

E acima de tudo: ajude esse empreendedor, esse dono da firma, a se proteger do Estado.

E se você está torcendo o nariz aí, tudo que posso é fazer um desejo:

Que você se torne um empresário brasileiro, o mais rápido possível.

Aí a gente conversa.

https://www.youtube.com/watch?v=M7--U4NTRMc

É assim então, ao som de Como É Duro Trabalhar, clássico de Vinicius de Moraes e Toquinho, aqui com João Caetano, filho de pais portugueses que nasceu em Macau, que vamos saindo pra trabalhar, né? Afinal eu sou o dono da firma...

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí ó, completando o ciclo.

O conteúdo do Café Brasil pode chegar ao vivo em sua empresa através de minhas palestras. Acesse lucianopires.com.br e vamos com um cafezinho ao vivo.

De onde veio este programa tem muito mais, especialmente para quem assina o cafebrasilpremium.com.br, a nossa “Netflix do Conhecimento”. Cara! Vai lá, bicho. Tem muito material, tem gente de primeira linha, tem um grupo no Telegram que é uma delícia. Se você acessar confraria.cafe, vai conhecer todos os planos. Vem com a gente, vem!

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Para terminar, uma frase de Ayrton Senna

“Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência.”

Veja também